sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sobre as finalidades da educação


Deitados eternamente em berço esplêndido, nós, brasileiros, ainda não compreendemos o real valor da educação para o desenvolvimento de nosso país, e por isso não nos causa nenhum embaraço perceber que estamos em penúltimo lugar em um ranking que mede o desempenho educacional em 40 países. Não gosto de ver a educação reduzida a números e índices, mas creio que essa avaliação não esteja muito distante da realidade.
   O que acontece em nossas escolas deveria ser motivo de preocupação para todos nós. Infelizmente, parte considerável dos alunos deixa o Ensino Básico sem sequer saber interpretar textos e expressar claramente suas ideias. A concepção que muitas pessoas têm a respeito do papel das escolas também me parece deturpada: para elas, a educação formal serve somente como um meio de treinar indivíduos para o mercado de trabalho. Estamos perdendo a ideia de que a escola é importante para o aprimoramento pessoal dos estudantes através de disciplinas como as artes, a filosofia e a educação física, que abordam aspectos de nossas vidas que o tecnicismo de outras disciplinas não é capaz de tratar. Além disso, mesmo as disciplinas consideradas mais técnicas são consideradas apenas como um meio para se ter sucesso em testes como o vestibular ou o Enem, e não como fontes de conceitos e habilidades que devemos incorporar para o uso em situações cotidianas.
   Em The Meaning of Things (ainda sem edição no Brasil), o filósofo A. C. Grayling fala exatamente disso, no verbete “Educação”:

Por educação liberal entende-se uma educação que inclua a literatura, a história e a apreciação das artes, e dê a elas um peso igual ao dado a temas científicos e práticos. A educação nessas disciplinas nos abre a possibilidade de viver de modo mais reflexivo e informado, especialmente no que diz respeito à amplitude da experiência e sentimentos humanos... Isso, por sua vez, nos faz entender melhor os interesses, necessidades e desejos dos outros, para que possamos tratá-los com respeito e simpatia, não importa quão diferentes sejam as escolhas que eles fazem ou as experiências que moldaram as suas vidas.

... pois o objetivo da educação liberal é produzir pessoas que continuem a aprender depois que sua educação formal terminou; pessoas que pensem,  questionem, e saibam encontrar respostas quando precisarem delas.

Aristóteles disse que educamos a nós mesmos para que possamos fazer nobre uso do nosso lazer; essa é uma visão diretamente oposta à crença contemporânea que nós nos educamos para conseguir um emprego. Assim, a visão contemporânea distorce o propósito da educação escolar ao ter como objetivo não o desenvolvimento dos indivíduos como um fim em si mesmo, mas como um instrumento no processo econômico.

Acima de tudo, a educação envolve refinar as capacidades para o julgamento e a avaliação; Heráclito comentava que a aprendizagem é somente um meio para um objetivo, que é o entendimento – e entendimento é o valor supremo em educação.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Para Que Serve Tudo Isso?


Para Que Serve Tudo Isso? A filosofia e o sentido da vida, de Platão a Monty Phyton (Jorge Zahar, 2008), de Julian Baggini, é uma obra que discute os possíveis significados de nossa existência com um raciocínio racionalista e humanista, típico das obras de Baggini: “racionalista no sentido de que sua mola mestra é a razão – e não a intuição, a revelação, o argumento de autoridade ou a superstição. É humanista no sentido de que afirma que a vida humana contém a fonte e a medida de seu próprio valor”.

O livro já foi tema de um post aqui no blog, e volto a ele para transcrever algumas de suas passagens. Para quem não conhece a obra, mas se interessa pelo tema, é uma leitura recomendada.

Para reconhecer a importância de nossa forma de encarar as coisas, contudo, é necessário aceitar que somos capazes de reduzir o nosso nível de descontentamento. Sartre diz que nós temos medo desse tipo de liberdade e que tentamos negar que ela de fato exista. Não gostamos de pensar que tudo depende de nós, pois não teríamos a quem culpar quando as coisas dão errado. Assim, preferimos pensar, de má-fé, que a culpa não é nossa, mas das circunstâncias.
Outro motivo para acharmos que só estaremos felizes quando todos os fatores externos estiverem em seus devidos lugares é a dificuldade que temos em aceitar as imperfeições da vida. Mais uma vez, Sartre tem algo a dizer sobre o assunto. Ele expõe a necessidade de aceitarmos a ‘facticidade’ da existência: o mundo existe de uma certa maneira, quer gostemos ou não.

...Então, em vez de aceitar a facticidade do mundo – ou seja, aceitar essas imperfeições –, nós imaginamos que vamos alcançar nossa vida ideal em algum momento futuro.
Contudo, para sermos honestos e coerentes, precisamos evitar esses erros. Se acharmos que vamos ter uma vida sem dificuldades e preocupações em algum ponto no futuro, estamos errados. Precisamos reconhecer a inconstância da sorte e a impermanência das coisas. Mas será que temos coragem e honestidade suficientes para aceitar a vida como ela é e tentar tirar o máximo disso? Ou será que temos medo de que isso seja uma decepção?

... Contudo, Horácio parece compreender melhor do que o filósofo de botequim e do que o hedonista o motivo pelo qual devemos aproveitar o dia. Precisamos aproveitar esse dia ao máximo porque a vida é curta e esse dia é um dos poucos que temos, não porque hoje é o único dia que temos ou porque deveríamos esquecer do amanhã. Devemos restringir as nossas esperanças a algo que possamos realizar em nossas vidas, sempre pensando que nada está garantido em relação à sua duração. Sendo assim, o ditado ‘viva cada dia como se fosse o último’ deveria ser readaptado e tornar-se ‘viva cada dia como se pudesse ser o último, mas ele poderia muito bem também ser só mais um dia da sua curta vida’. Também temos que lembrar que a maior probabilidade é de que o amanhã venha, sim. A urgência de aproveitarmos o dia de hoje ao máximo não tem como premissa o fato de que é improvável que o amanhã venha, mas a possibilidade de que o amanhã possa não vir e a certeza de que pelo menos um amanhã não virá.

A história de Abraão é uma parábola geral sobre a fé. Ela mostra que a fé não é um meio através do qual transmitimos a responsabilidade da busca de sentido da vida para Deus. Se você delega responsabilidades, também é responsável pelo que a pessoa a quem você as delegou faz. Se a sua escolha for desistir da busca pelo sentido da vida acreditando que Deus resolverá o problema, você também é responsável pelas consequências disso.
Isso justifica ainda mais o argumento de que ter fé na existência de um plano transcendental não dá sentido à vida. Primeiro, como vimos, colocar nossa fé em Deus é desistir da busca pelo sentido da vida e simplesmente confiar na divindade. Essa confiança na fé não é sustentada pela razão, mas por meios não confiáveis – ou seja, convicções pessoais e o testemunho dos outros. A fé não nos exime da responsabilidade pela busca de sentido da vida ou pelas ações que decorrem do sentido que escolhemos.
Isso coloca as pessoas de fé em uma situação um tanto delicada, pois a ideia que têm de que Deus cuidará delas pode levá-las a desistir da busca pelo sentido de suas vidas. Contudo, essa pode ser a única vida que temos. Se há uma vida após a morte, o ateu, pelo menos, pode ter uma segunda chance – presumindo que Deus não seja o ser vil e vingativo como é frequentemente retratado, punindo as pessoas por simplesmente não acreditarem nele. Quem acredita na religião e arrisca tudo na existência de uma vida após a morte, porém, não terá uma segunda chance caso esteja errado.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas


Já escrevi algumas vezes a respeito de Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas: uma investigação sobre os valores, de Robert Pirsig, aqui no blog. E creio que a passagem que transcrevo abaixo já deve ter aparecido no Página Virada uma ou outra vez. Mas vamos de novo com Pirsig.
   Zen e a Arte de Manutenção de Motocicletas é o relato romanceado de uma viagem de moto feita pelo autor e seu filho Chris, em companhia de um casal de amigos, por vários estados americanos em 1968. No livro, Pirsig trata de filosofia, ciência, motocicletas (mas nem tanto quanto o título da obra nos faz supor), sanidade e loucura, entre outros temas. Confesso que discordo de praticamente tudo o que Pirsig afirma sobre o que é fazer ciência, mas Zen é uma de minhas leituras prediletas, especialmente pelo conteúdo humano e pelas lições de Pirsig ao seu filho, às vezes confusas, considerando que Pirsig é esquizofrênico e um sujeito com forte tendência à misantropia.
   Também considero o desfecho da obra um dos melhores que já li. Quase ao final dos 17 dias de viagem, Chris estava cansado da vida na estrada e queria voltar para casa. O desgaste da jornada, o calor, a aparente falta de sentido naquilo que faziam, tudo favorecia a exaltação dos ânimos entre pai e filho. Com os problemas resolvidos, Pirsig e seu filho decidiram pela volta. Feliz, aliviado, e entendendo o valor do momento, Pirsig arrematou:

Naturalmente, os problemas jamais deixarão de existir. A infelicidade e o infortúnio fatalmente ocorrerão em nossas vidas, mas agora sinto algo que antes não sentia, que não se localiza apenas na superfície das coisas, mas as permeia até a medula: nós vencemos. Agora tudo vai melhorar. A gente pode até garantir.

   Pirsig tinha razão ao afirmar que a infelicidade e o infortúnio estão batendo à nossa porta, e podem nos surpreender a qualquer momento. Chris foi morto 11 anos depois da viagem, ao ser abordado por um ladrão e atingido por ele com um golpe de faca, experiência relatada pelo autor em um posfácio publicado nas últimas edições de Zen. Dois anos depois da morte de Chris, Pirsig teve uma filha, Nell. Em 1991, Pirsig escreveu Lila: uma investigação sobre a moral, seu segundo e último livro. O autor está com 84 anos, recluso em sua casa no Maine, nordeste dos Estados Unidos.

domingo, 18 de novembro de 2012

Philip Zimbardo e o "Efeito Lúcifer"

O professor Philip Zimbardo foi o organizador de um dos mais famosos e importantes experimentos em psicologia do século XX. Em agosto de 1971, 24 estudantes foram selecionados para atuarem nos papeis de carcereiros ou prisioneiros, em uma simulação do que seria uma prisão, em local construído no departamento de psicologia da Universidade de Stanford. O experimento teve que ser interrompido antes do previsto, pois Zimbardo e seus colegas perceberam que o grau de realismo empregado pelos estudantes-atores estava além do que consideravam aceitável. As torturas psicológicas empregadas pelos “guardas” e a grande passividade apresentada pelos “prisioneiros” – todos eles estudantes considerados psicologicamente estáveis em testes preliminares – desconcertaram os organizadores do experimento.
   Desde então, Zimbardo tem estudado o comportamento violento em seres humanos, especialmente em situações delicadas, como nas prisões ou em conflitos. Segundo o autor, o limiar entre pessoas “boas” e “más” é muito mais permeável do que imaginamos. Em determinadas condições, pessoas consideradas boas podem cometer atrocidades inimagináveis, e os abusos cometidos por soldados americanos na prisão iraquiana de Abu Ghraib são um exemplo recente disso.
   O Paradoxo do Tempo (Editora Fontanar, 2009) é uma das poucas obras de Zimbardo publicadas no Brasil. O livro mais famoso do autor, The Lucifer Effect ainda não foi editado por aqui, mas é altamente recomendado para quem quer entender mais sobre o comportamento violento nos seres humanos.


No vídeo abaixo é possível assistir a uma curta palestra de Zimbardo sobre o tema de The Lucifer Effect, ilustrada por fotos tiradas em Abu Ghraib:

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Mia Couto encerra Fronteiras do Pensamento

Na última segunda-feira, dia 12, o escritor moçambicano Mia Couto esteve no Salão de Atos da UFRGS para realizar a última – e mais divertida – conferência do programa Fronteiras do Pensamento. Demonstrando simpatia desde o início de sua apresentação, Couto falou, entre outros temas, da capacidade de nosso pensamento superar distintas fronteiras, como o medo, o preconceito e a ignorância.
   Em relação ao preconceito, ou às ideias preconcebidas, o escritor afirmou que não existe um brasileiro “típico”, pois cada um dos habitantes do país representa um Brasil à sua maneira. Nosso país, aliás, é um destino frequente do moçambicano, que se mostrou entusiasmado com a maneira pela qual tem sido recebido em diversos estados brasileiros, mesmo tendo enfrentado pequenos problemas com o significado de algumas palavras também usadas em seu país, só que em outro contexto. “Bala”, por exemplo, é um termo bastante traumático para habitantes de um país que foi palco de recentes guerras, como Moçambique, e por isso Couto se assustou quando um taxista perguntou se ele “queria uma balinha”, ao oferecer ao africano o doce mais famoso do Brasil, mas que não é conhecido em Moçambique por esse nome.
   Mia Couto é também biólogo, e em uma saída a campo no norte de seu país ele ouviu relatos de pessoas que estavam sendo atacadas e mortas por leões. Precisando dormir em uma barraca próxima à região dos ataques, Couto refletiu sobre as fronteiras que separam os humanos dos outros animais. Na ocasião, os tradicionais papeis de caçador e caçado haviam se invertido, e os humanos temiam encontrar os grandes felinos e acabarem devorados por eles. A amedrontadora experiência inspirou Mia a escrever A Confissão da Leoa (Companhia das Letras, 2012), sua mais recente obra.
   O escritor terminou a sua conferência com a história de um menino que conheceu em Moçambique. Couto disse que voltava para sua casa à noite quando percebeu um menino encostado em um muro, com uma mão atrás das costas. O garoto foi até ele e entregou-lhe um livro de autoria de Mia, que tinha uma foto do autor na capa. “Esse livro é seu”, disse o menino. Mia queria saber como o menino havia conseguido o livro, e ouviu algo como “Vi esse livro com uma moça, reconheci a sua foto na capa e perguntei se o livro era do Mia Couto. Ela disse que sim, eu tirei o livro dela e vim até aqui devolvê-lo ao senhor.” Mia deixou que o menino, analfabeto, ficasse com o livro. Anos depois, o garoto foi ao escritório do autor para devolver o livro que, para a surpresa de Mia, estava com alguns versos anotados em suas páginas. Versos criados pelo garoto, que havia aprendido a ler e a escrever incentivado pelo trabalho do escritor.
   Ainda não li nenhuma obra de Mia Couto – A Confissão da Leoa será a primeira –, mas saí de sua conferência com a sensação de que seu status como um dos grandes contadores de histórias em língua portuguesa no mundo contemporâneo é merecido. Creio que as outras pessoas que acompanharam a conferência, e aplaudiram Mia Couto de pé ao seu final, concordam com isso.

sábado, 10 de novembro de 2012

Michael Shermer e seu kit de detecção de mentiras

Que tipo de perguntas devemos nos fazer antes de aceitar determinado argumento como verdadeiro? Como saber se algo é real ou não? É possível detectar quando alguém está apresentando informações falsas a respeito de algum assunto?
Michael Shermer, psicólogo e historiador da ciência, aborda os temas acima a partir de seu “kit de detecção de mentiras”, baseado em parte no que Carl Sagan escreveu sobre ciência. O kit de Shermer é formado por dez pontos:
1. Quão confiável é a fonte da afirmação?
2. A fonte faz outras afirmações semelhantes?
3. As afirmações foram verificadas por terceiros?
4. Isso se enquadra no modo de funcionamento do mundo?
5. Alguém já tentou refutar a afirmação?
6. Em que sentido a preponderância das evidências aponta?
7. Aquele que defende a afirmação o faz a partir das regras da ciência?
8. A pessoa que faz a afirmação fornece evidências positivas para ela?
9. A nova teoria leva em consideração tantos fenômenos quanto a antiga?
10. A afirmação está sendo guiada por crenças pessoais?

No vídeo abaixo, apresentado pelo próprio Shermer, você vai conhecer melhor as estratégias para detectar mentiras e falácias para, quem sabe, poder aplicá-las em sua vida cotidiana:

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Comte-Sponville, sobre a fidelidade


“Fidelidade à verdade, antes de mais nada! É nisso que a fidelidade se distingue da fé e, a fortiori, do fanatismo. Ser fiel, para o pensamento, não é recusar-se a mudar de ideia (dogmatismo), nem submeter suas ideias a outra coisa que não a elas mesmas (fé), nem considerá-las como absolutos (fanatismo); é recusar-se a mudar de ideia sem boas e fortes razões e – já que não se pode examinar sempre – é dar por verdadeiro, até novo exame, o que uma vez foi clara e solidamente julgado. Nem dogmatismo, pois, nem inconstância. Tem-se o direito de mudar de ideia, mas apenas quando é um dever. Fidelidade à verdade, antes de mais nada, depois à lembrança da verdade (à verdade conservada): este é o pensamento fiel, isto é, o pensamento.”

André Comte-Sponville, sobre a fidelidade, em O Pequeno Tratado das Grandes Virtudes (Martins Fontes, 2007)

domingo, 4 de novembro de 2012

Por que é importante ler?

Mantemos em nosso blog uma seção chamada “Conversando com...”, na qual entrevistamos destacados pensadores contemporâneos a respeito do que pensam sobre a leitura e o papel dos livros em nossas vidas. Até aqui, conversamos com os filósofos Julian Baggini e Simon Blackburn, com o psicólogo e historiador da ciência Michael Shermer, e com a escritora Nikki Stern. As ideias abaixo são uma síntese do que esses autores pensam sobre a importância da leitura:

- Ler nos estimula a pensar por conta própria, mas com uma ajuda das ideias e insights de pessoas com grande conhecimento sobre determinado tema;
- A leitura expande nossa mente e nos expõe a novas ideias, conhecimentos, lugares e pessoas, além de treinar nossa mente para assumir a perspectiva de outros indivíduos, levando à empatia, uma parte importante da moralidade;
- A leitura fomenta a curiosidade, faz com que as pessoas busquem mais conhecimento. Enquanto formos curiosos, estaremos interessados em aprender sempre novas coisas a respeito da vida;
- Diferentemente do que ocorre quando vemos um filme ou assistimos a algum programa de TV, quando estamos lendo podemos determinar nosso próprio ritmo, parar para refletir sobre aquilo que acabamos de ler ou para deixar nossa imaginação voar. A leitura liberta nossa mente, nos ilumina, nos influencia e é capaz de nos entreter;
- A leitura também é uma terapia. Através da vida de um personagem, nas páginas de um livro, podemos reconhecer nossos sofrimentos, angústias e alegrias, o que pode nos ajudar a entender e a enfrentar momentos difíceis;
- Ler nos ajuda a escrever melhor, a articular melhor as ideias, e nos dá argumentos para participar ativamente de discussões.

Obviamente, há inúmeros outros aspectos positivos da leitura. Tenho afirmado que a leitura é um componente essencial para a formação dos cidadãos e para o exercício da cidadania. Quanto mais sabemos sobre as coisas, menos manipuláveis ficamos, e passamos a entender melhor nosso papel na sociedade. “Leia mais, seja mais”, é o lema de uma campanha recente do Ministério da Cultura. De fato, ler mais é um bom caminho para sermos pessoas cada vez melhores.

Texto publicado no jornal Folha de Sananduva do dia 01 de novembro de 2012

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Animais não-humanos podem ser criaturas morais?

Sim, segundo filósofo Mark Rowlands. Em um texto escrito para a nova revista eletrônica Aeon, Rowlands afirma que outros animais podem exibir comportamentos que consideraríamos “morais” se fossem praticados por nossa espécie, apesar de que animais não-humanos não podem ser agentes morais como nós por não serem responsáveis por seus atos (os humanos sempre são?).
    Rowlands traz alguns exemplos instigantes, que permitem pensarmos se o que os animais fazem não é algo além daquilo que se considera comportamento instintivo ou uma resposta a estímulos básicos, como a dor. Um caso é o da gorila Binti Jua, que carregou um menino que havia caído em seu recinto até um local onde a criança pudesse ser tirada de lá pelos tratadores do zoológico. Outro é de um cão que tentou resgatar um companheiro atropelado em uma movimentada rodovia chilena.
    O tema da moralidade nos animais é objeto do novo livro de Rowlands, Can Animals Be Moral?, recentemente lançado nos Estados Unidos, e que ainda não tem edição brasileira.